terça-feira, 6 de março de 2012

Revista NOVOLHAR - Um olhar sobre o mundo feminino


Com a bola toda
Por Paula Oliveira

Escritora Lúcia Cyreno e seu filho.
   As mulheres ocupam cargos na presidência, nos tribunais superiores, nos ministérios, no topo de grandes empresas... Pilotam jatos, ônibus, comandam tropas, perfuram poços de petróleo e, em muitos casos, são as provedoras do lar.
   Embora muitas tenham conquistado espaço em áreas que antes eram reduto masculino e ocupem cargos de liderança, elas ainda ganham salários inferiores aos dos homens. Em média, ganham 22% menos do que os homens na mesma função, mesmo sendo mais preparadas do que eles.
   Segundo Silas Regis (46), gerente de Recursos Humanos (RH), a resistência e o preconceito no mercado de trabalho ainda existem e a diferença salarial predomina sim, mas gradativamente cresce o número de mulheres que ganham mais do que o marido. "O grande desafio para as mulheres desta geração é reverter definitivamente o quadro da desigualdade salarial", afirma.
   Outro desafio no crescimento feminino dentro das organizações é a falta de preparo das empresas em lidar com o período da maternidade. As empresas evitam a contratação de mulheres que se mostram predispostas a uma gravidez. "Muitos empresários acreditam que o gasto com auxílio-maternidade é totalmente desnecessário e, para eles, a concessão do benefício faz com que as mulheres não tenham a mesma chance de promoção do que os homens", diz a jornalista Juliana Leite (35), que já sentiu na pele esse despreparo das empresas.
   Resta à mulher enfrentar o dilema de conciliar o trabalho sem deixar a vida pessoal de lado, como acontece com muitas mulheres na faixa dos 30 anos que abandonam seus empregos para ser mães e depois voltam a trabalhar apenas no mercado informal ou, ainda, não retomam sua carreira.
   Na opinião da escritora Lúcia Cyreno (39), as mudanças sociais e de valores impuseram às mulheres uma competição desigual em relação aos homens: no lado profissional, as empresas são mais exigentes com as mulheres e, de outro, há um consenso de que a responsabilidade no cuidado dos filhos é principalmente da mulher.
   Essa tripla jornada de trabalho sobrecarrega muito a mulher. Por isso Lúcia optou pela maternidade em primeiro lugar. "Tenho três filhos, e o caçula tem necessidades especiais. Decidi ser mãe em tempo integral e escrevo nas horas vagas", diz com bom humor
e completa: "Estou casada há 14 anos, tenho uma família unida e estruturada.
   Mas muitas mulheres cuidam sozinhas dos filhos, vivem sobrecarregadas e sem qualidade de vida".
   "Em minha opinião, essa questão da mulher realizar tripla jornada de trabalho passa ainda por uma questão cultural. Muitos homens ainda se escondem de determinadas responsabilidades no lar, e outros não aceitam e nem admitem ter que ajudar nessas atividades", completa o gerente de RH. Outra tendência da mulher contemporânea é deixar para casar depois dos 40, pois só assim consegue dedicar-se profissionalmente.
   Apesar das dificuldades enfrentadas pelas mulheres no mundo corporativo, as notícias são otimistas: elas já ocupam pelo menos metade dos postos de trabalho, e quando se trata de cargos de direção, elas estão na frente.
   De acordo com a pesquisa realizada em diversos países do mundo pela Grant Thornton International Business Report (IBR), as mulheres aos 36 anos já são líderes, contra uma média de 40 anos para os homens. "Elas são melhores líderes e administradoras porque sabem conduzir melhor a equipe na busca e na conquista de resultados e compreendem bem esse conceito sem se deixar levar pelo poder que o cargo traz", comenta Silas. "Elas têm um grande destaque na área de Gestão e Administração", afirma.
   Para superar as dificuldades, muitas mulheres optaram pelo empreendedorismo. De acordo com estudo do SEBRAE, realizado pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), de 49,3% a 50,7% dos empreendedores brasileiros são do sexo feminino.
   Independentemente das escolhas, as mulheres mostram que estão "com a bola toda". Trabalham, estudam e ganham espaço por onde passam.





Revista NOVOLHAR, Com a bola toda p 24 e 25 





  

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