terça-feira, 20 de março de 2012

Celebrando a Páscoa em Família ou Comunidade

   Não há como negar que, ao se falar em Páscoa, duas palavras se apoderam de nós, ganhando dimensões enormes em nossas mentes: chocolate e descanso. A primeira delas, chocolate, foi feita sob medida para as crianças, tanto para as pequenas como para as grandes, aquelas que vivem dentro de nós... Já a palavra descanso tem cara de adulto, cheiro de adulto, “seriedade” de adulto e o desejo de encontrar o revés daquilo que habita o nosso cotidiano: o cansaço.
   Mas o que ninguém imagina é como essas palavras são forjadas por meio da morte, concebidas pelo amargo, estendidas no decorrer de um processo lento dentro do tempo. O chocolate, tão doce, delicioso, mágico, sedutor e romântico, é concebido a partir do amargo: o cacau. Para que o chocolate seja forjado é preciso que o amargo morra; o cacau tem que deixar de ser cacau, tem que assumir uma outra forma. Assim como para nascer a saudade é necessário que os olhos adormeçam... Também para o descanso nascer é preciso que o nosso desejo ávido pelo lucro morra; que a nossa correria desfaleça, fazendo brotar a tranqüilidade, a mesma contida nos olhos mágicos de uma criança; é necessário deixar que as preocupações sejam sepultadas...
   Talvez este seja um dos sentidos da Páscoa: resgatar da memória a lembrança de uma morte que foi imprescindível para que tivéssemos vida. Através de uma morte, a vida nos foi doada. Foi preciso que alguém provasse e depurasse o amargo para que nossa vida passasse a ser doce.


   Alguém precisou vencer a morte para que a vida triunfasse. É como nos dizem os poemas sagrados no Evangelho de João: “O maior amor que alguém pode ter pelos seus amigos é dar a vida por eles”. Cristo foi quem nos deu a vida. Porque ele morreu, agora temos vida, mas não qualquer tipo de vida, porém, vida em abundância. E esta vida passa pela esperança-certeza da vitória que temos sobre a morte: Cristo ressuscitou! É o simbolismo de que a vida vence a morte; de que o amargo perde para a doçura; o lucro, para a doação; o egoísmo, para a solidariedade; a tristeza, para a alegria; a frieza, para o amor; a solidão, para a companhia; e a correria, para o sossego e descanso...


   Talvez o que precisamos mesmo é fazer de nossas vidas uma eterna e feliz Páscoa... Um momento no qual aprendemos a deixar a vida nascer através da morte. Deixar que todo o nosso cacau (amargura), que pode ser o olhar, as palavras, os desejos, a mente, nossas relações..., morra, tornando-se em chocolate, algo prazeroso, gostoso, inesquecível de se viver; e que nossos corações palpitem, mesmo em meio à turbulência, como na toada dessa tranqüilidade que chamamos Páscoa.  É preciso morrer para se viver...
   “Possuídos pelo futuro, tentemos fazer viver, no presente, aquilo que nos foi dado, em esperança: a vida!” (Alexandre Filordi)


Extraído do Livro Celebrar Páscoa em família e comunidade, P. 39


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