Salvação por graça, sem limites e sem condições, essa é a boa-nova que nosso Senhor Jesus Cristo nos deu e que no dia-a-dia o Espírito Santo nos confirma: “Por graça sois salvos”. Nossas ações são respostas espontâneas à graça recebida, são fruto agradecido; nosso agir provém da manifestação desse amor. Essa justificação pela fé, que emana da graça divina, é a que nos revela e nos leva a crer e confiar em Deus Emanuel.
Falar de graça e salvação é um compromisso profundo com sua obra, com sua criação, com a humanidade. É se conscientizar de que é preciso escutar a Deus por mais desolada que seja a realidade. A salvação efetua-se, sem dúvida, somente pela graça de Deus, mas não sem o ser humano; ou seja, a graça não substitui a vontade do ser humano, mas a tem implícita (Fp 2.12: “[...] desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”; 1Co 15.10: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo”). O fato de que sua graça nos chama e que cremos lembra-nos os limites de nossa humanidade; não cremos por nossos esforços, pois é seu poder que nos chama à salvação. Contudo, apela à nossa disposição.
Por causa de nosso orgulho, aceitar a graça nos complica. Há algo que nos impacienta diante disso. Não queremos que nos conceda a graça, mas queremos buscar os artifícios para concedê-la a nós mesmos. O orgulho e a angústia confundem-se e o ser humano não aceita a graça. O que nos salva é a fé justificadora e não nós mesmos, pois isso é dom de Deus. Esse ato de pura graça de Deus não limita a personalidade do ser humano, mas a estimula, já que a obra redentora de Deus se encontra de acordo com sua obra criadora; porque Deus sempre é fiel a si mesmo e confia em sua criação.
É difícil entender a oferta gratuita em meio à nossa sociedade, onde tudo tem um preço. Inclusive por causa de nossa história de sofrimento e exploração, duvidar de tudo grátis faz parte da nossa idiossincrasia latino-americana. Essa graça, que não está atrelada a condições e valores, mas que se entrega incondicionalmente como puro presente de amor, deixa-nos diminuídos.
A graça é a graça de Deus, seu ato, sua obra, sua vontade e seu reino. Essa salvação que confessamos e que entendemos como dom de graça deve ser acompanhada pela preocupação e o discernimento pelo que hoje observamos no povo cristão: a persistente necessidade de colocar um preço à graça, de buscar a maneira de manipular a graça para benefício próprio, de cobrar um preço que devem pagar justamente as pessoas que são chamadas à gratuidade da misericórdia de Deus
Extraído do Livro As Mulheres e a Graça,
de Judith Van Osdol, P 44 e 45
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