quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Salvação por graça

  A graça e a salvação
    
   Salvação por graça, sem limites e sem condições, essa é a boa-nova que nosso Senhor Jesus Cristo nos deu e que no dia-a-dia o Espírito Santo nos confirma: “Por graça sois salvos”. Nossas ações são respostas espontâneas à graça recebida, são fruto agradecido; nosso agir provém da manifestação desse amor. Essa justificação pela fé, que emana da graça divina, é a que nos revela e nos leva a crer e confiar em Deus Emanuel.
   Falar de graça e salvação é um compromisso profundo com sua obra, com sua criação, com a humanidade. É se conscientizar de que é preciso escutar a Deus por mais desolada que seja a realidade. A salvação efetua-se, sem dúvida, somente pela graça de Deus, mas não sem o ser humano; ou seja, a graça não substitui a vontade do ser humano, mas a tem implícita (Fp 2.12: “[...] desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”; 1Co 15.10: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo”). O fato de que sua graça nos chama e que cremos lembra-nos os limites de nossa humanidade; não cremos por nossos esforços, pois é seu poder que nos chama à salvação. Contudo, apela à nossa disposição.


   Por causa de nosso orgulho, aceitar a graça nos complica. Há algo que nos impacienta diante disso. Não queremos que nos conceda a graça, mas queremos buscar os artifícios para concedê-la a nós mesmos. O orgulho e a angústia confundem-se e o ser humano não aceita a graça. O que nos salva é a fé justificadora e não nós mesmos, pois isso é dom de Deus. Esse ato de pura graça de Deus não limita a personalidade do ser humano, mas a estimula, já que a obra redentora de Deus se encontra de acordo com sua obra criadora; porque Deus sempre é fiel a si mesmo e confia em sua criação.  
    É difícil entender a oferta gratuita em meio à nossa sociedade, onde tudo tem um preço. Inclusive por causa de nossa história de sofrimento e exploração, duvidar de tudo grátis faz parte da nossa idiossincrasia latino-americana. Essa graça, que não está atrelada a condições e valores, mas que se entrega incondicionalmente como puro presente de amor, deixa-nos diminuídos. 
   Por isso o compromisso diante da graça deve ser uma preocupação em não distorcê-la, pois não podemos confundir a graça com aquele benefício alcançado por mérito próprio, como as distorções de um insistente afã de privatização chegaram a estabelecer. É visível que, quando não se entende o verdadeiro conceito da graça, em nossa mente, pensamos estar trabalhando pela salvação e confundimos nossas ações como próprias do seguimento de Cristo. Sem méritos, somos convocados pelo amor de Deus a essa salvação, por graça e não por obras.

   A graça é a graça de Deus, seu ato, sua obra, sua vontade e seu reino. Essa salvação que confessamos e que entendemos como dom de graça deve ser acompanhada pela preocupação e o discernimento pelo que hoje observamos no povo cristão: a persistente necessidade de colocar um preço à graça, de buscar a maneira de manipular a graça para benefício próprio, de cobrar um preço que devem pagar justamente as pessoas que são chamadas à gratuidade da misericórdia de Deus 
















 Extraído do Livro As Mulheres e a Graça, 
 de Judith Van Osdol, P 44 e 45




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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Teologia e Deficiência

A graça de Deus e a deficiência: Um caminho para a inclusão


  A graça de Deus é esse poder divino que se faz presente em nossas vidas, sem pedir licença, para reorientá-las em direção ao Criador, além da nossa capacidade ou vontade, além de nossas interpretações a respeito.
  Digo e sustento o sem pedir licença, pois em nossa hinologia e vida de oração pareceria que Deus Pai ou Jesus ou o Espírito Santo estão à espera para que os humanos lhes abram a porta do coração. 
 Poderíamos citar muitas frases do estilo em cada uma de nossas tradições, em que  Deus pede licença e fica esperando a decisão humana de abrir o coração. Não foram suficientemente eficazes a morte na cruz e a ressurreição? Falta-lhe poder para intervir em nossas vidas para salvá-las? Todo o plano salvador está sujeito à vontade humano? A natureza tem primazia sobre a graça? O criado por Deus se adona da vontade de Deus e seu plano de salvação? Deus pede licença?

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  Se isso é assim, definitivamente muitas pessoas portadoras de deficiências específicas não teriam espaço, não teriam oportunidade de estar no dia do juízo junto ao Senhor, que os despedirá e os desconhecerá porque não abriram a porta de seu coração em tempo e forma. Pois devemos aceitar que muitos não têm a capacidade cognitiva e intelectual para abrir conscientemente, segundo nosso conceito humano de compreensão, seu coração a Deus, conforme os parâmetros da teologia antes descrita estão exigindo. Teologia que tenta explicar as questões de Deus com compreensão humana, pois, nesses casos, como dizemos na minha terra, que espere sentado, pois ninguém abrirá.
  Quão duros somos nós humanos quando queremos explicar, com nossas pobres palavras, as coisas de Deus, quando Deus explicou-as simplesmente em tantos ensinamentos de Jesus, o Mestre!
  Jesus diz em João 6.37-39: “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim, de modo nenhum o lançarei fora... E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu os ressuscitarei no último dia”. Perceba que Jesus enfatiza fortemente que o Pai dá ao Filho pessoas específicas, e aqueles que lhe são dados virão. Negativamente, Jesus enfatiza que daqueles que lhe são dados Ele não perderá nada.

 
  Surgem então minhas perguntas: Onde a gente encontra aqui um Jesus mendigando? Onde está sugerido que a salvação depende da vontade do pecador de abrir a porta de seu coração? Onde está a barreira para que uma pessoa portadora de deficiência, seja qual for, possa aceder ao reino de Deus?
  Ele não precisa rogar ou suplicar. Ele age por sua graça, além de nós.
  Assim Jesus também ensina em João 10.16: “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor”. A mesma verdade Jesus declara nos versículos 27-29 desse capítulo: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar”.


 Mas se olharmos para um Jesus poderoso, se olharmos para a graça de Deus que rompe barreiras, até as mais difíceis, como as humanas (Ef 2.14), descobriremos que:
 Devemos gerar a inclusão de todas as pessoas na comunidade, sem restrições de nenhum tipo – não importando sua cor, idioma, cultura ou condição. E dentro da condição de deficiência se deve incluir todas.
  Para Deus e sua graça, sempre foram pessoas, mas para os paradigmas humanos e teológicos isso é uma novidade e uma dificuldade, pois a inclusão que acarreta não é meramente declamatória, mas nos modifica interna e estruturalmente, modifica-nos governamental, arquitetônica e programaticamente. Em termos científicos, estamos diante de uma ruptura epistemológica. A pergunta é dupla: Estamos conscientes disso? E daremos o passo?








    Extraído do livro: Teologia e Deficiência, de  Alexandra Meneses, Nilton Giese, Noel Fernández Collot, p 83 a 90.


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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Entrevista com Emílio Voigt

Emilio Voigt é  pastor luterano, licenciado e mestre em Teologia pela Faculdades EST e doutor em Teologia pela Augustana Hochschule, Neuendettelsau/Alemanha, especialista em Novas Tecnologias de Ensino pela Fachhochschule Furtwangen (Alemanha). Atualmente é assessor de formação no Sínodo Vale do Itajaí, SC.É autor de diversas obras publicadas pela Editora Sinodal. 

1. Qual a importância do ensino bíblico nas paróquias e comunidades da IECLB? Que reflexos imediatos esse investimento pode gerar na vida espiritual de seus membros?
   O ensino bíblico é de fundamental importância. Na Bíblia, encontramos o testemunho do agir de Deus e seus ensinamentos. Se queremos levar uma vida a partir da vontade de Deus, precisamos conhecer a Bíblia. Uma das primeiras ações de Lutero no início da Reforma Luterana foi traduzir a Bíblia para que o povo pudesse ter acesso direto à palavra de Deus. Maior participação comunitária e agir ético são reflexos que o conhecimento da Bíblia pode gerar na vida das pessoas. Os livros da Série Educação Cristã Contínua possuem embasamento bíblico e querem ajudar a conhecer melhor a Bíblia.

2. O que podemos fazer para incentivar e aumentar os grupos de estudo bíblico nas comunidades?
   A participação em qualquer evento da comunidade é um grande desafio. Como animar as pessoas? Acredito que não há soluções “mágicas” para estimular a participação. Há algumas questões que podem influenciar positivamente, tais como: convite e estímulo pessoal, local adequado, boa preparação dos encontros, receptividade calorosa, abertura para o diálogo, musicalidade. É preciso insistir na conscientização de que a educação cristã deve ser algo contínuo e perpassar todas as fases da vida. Ministros(as) e comunidades precisam também estar conscientes de que a tarefa de educar é um mandamento que provém do próprio Deus (Dt 6.6-7; Mt 28.19-20). 

3. Como nasceu a Série Educação Cristã Contínua, publicada pela EST com o apoio da Federação Luterana Mundial e da IECLB?
   A Série Educação Cristã Contínua nasceu da constatação de que a preocupação pela educação cristã contínua é comum a todos os sínodos da IECLB. Há várias iniciativas de produção de materiais e de realização de cursos, mas há também muita demanda e dificuldades na elaboração de material. Queríamos oferecer uma possibilidade de formação cristã sólida e, ao mesmo tempo, acessível. A série é inspirada no Plano de Educação Cristã Contínua (PECC), que vê a educação cristã como um processo pessoal e comunitário de aprendizagem dos conteúdos da fé. A educação cristã não acontece de uma só vez, mas vai sendo construída e compreendida conforme as perguntas e as preocupações do contexto e de cada fase da vida.

4. Fale-nos um pouco sobre cada livro já publicado: Quais são os temas? Quais são os enfoques principais? 
Até o momento, são cinco os livros publicados na série:

No livro "Jesus de Nazaré" são apresentados o contexto em que nasceu e viveu Jesus bem como os aspectos principais de sua vida e atividade. Temas como formação dos evangelhos, reino de Deus, doença e cura, vida em comunidade são algumas das questões tratadas.





"Confessionalidade Luterana” trata das origens da igreja luterana e temas centrais da confessionalidade, como justificação por graça e fé, palavra e sacramento, fundamentos da ética, sacerdócio geral das pessoas que creem.





O “ "Guia para o presbitério” oferece uma base bíblica para aquelas pessoas que se dispõem a integrar o presbitério em sua comunidade. Contém também assuntos de ordem prática, administrativa e legal, que dizem respeito, entre outros, ao convívio, planejamento, comunicação e condução de reuniões.





• O propósito do livro "Antigo Testamento"é oferecer um visão ampla sobre o Antigo Testamento, apresentando temas centrais da história do povo de Israel.








Educação comunitária” tem como objetivo auxiliar na qualificação de pessoas que orientam e coordenam grupos de educação cristã com crianças, adolescentes e jovens nas comunidades da IECLB.









5. Como ministros e ministras da IECLB podem explorar melhor cada livro da Série Educação Cristã Contínua, pensando nas diversas faixas etárias nas comunidades?
   Muitas vezes, nossos ministros e ministras têm dificuldades para encontrar materiais ou preparar estudos para grupos. A série oferece o material praticamente pronto. Os livros “Jesus de Nazaré”, “Confessionalidade luterana” e “Antigo Testamento” foram especialmente pensados para grupos de estudo nas comunidades. Cada unidade desses livros pode ser estudada em um encontro. No final de cada unidade, há perguntas para reflexão. Esse material pode ser usado em grupos de estudo bíblico, na OASE, nos grupos de jovens, com confirmandos, no trabalho com casais etc. É importante que as pessoas adquiram os livros. Com isso pode-se fazer uma leitura conjunta de trechos no grupo, e as pessoas podem, individualmente, ler em casa para aprofundar ainda mais o estudo.

6. Na sua opinião, como organizador da Série Educação Cristã Contínua, o que os ministros e ministras da IECLB poderão "colher" no futuro ao investir no ensino e na utilização desses livros?
   Infelizmente, ainda não temos uma cultura de leitura muito forte em nossas comunidades, e muitas pessoas não investem na aquisição de livros. É preciso mudar esse cenário. A importância desse projeto reside na necessidade de edificação ou capacitação dos membros da IECLB. Através da educação cristã contínua, os membros terão mais conhecimento de sua igreja, mais condições de reflexão e testemunho, tornando-se mais aptos para atuar na igreja e na sociedade. O investimento nos livros da Série Educação Cristã Contínua certamente vale a pena.

7. De que forma os sínodos e os pastores sinodais podem incentivar a utilização dessa série junto aos ministros e ministras? E quais livros da série podem ser mais "explorados" por eles, visando ao fortalecimento de sua área de abrangência?
   Os livros da série podem também ser usados como base para estudo em atualizações teológicas, por exemplo. Apesar da linguagem simples, todos os livros da série foram escritos por pessoas qualificadas, e o conteúdo é baseado em pesquisas e conhecimento sólido. Os livros “Guia para o presbitério” e “Educação comunitária” são excelentes ferramentas para a qualificação de lideranças, podendo ser usados em encontros sinodais de formação.

8. Quais suas considerações finais sobre a importância da Série Educação Cristã Contínua e sua contribuição para o crescimento da IECLB como corpo de Jesus Cristo?
   A Série Educação Cristã Contínua quer ajudar a capacitar pessoas para o testemunho da fé, preparando-as para a vivência familiar e comunitária e para a construção de uma sociedade mais solidária e justa. Mais do que repasse de conteúdos, a série faz um chamado à reflexão e à ação. Aqui está sua importância, e essa é sua contribuição para a IECLB.

(Entrevista concedida ao gerente de marketing da Editora Sinodal, por e-mail para o  site.)

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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O Espírito de Deus

O Espírito de Cristo e a comunhão dos santos 
num mundo que ameaça a si mesmo

     Em menos de meio século, a Terra perdeu quase um quinto de seu solo fértil e um quinto de suas florestas tropicais, bem como dezenas de milhares de espécies de animais e plantas!  Numa velocidade impressionante, recursos e fontes de energia não-renováveis são extraídos e consumidos, as provisões de peixes dos mares são saqueadas, com o risco de “devastação”.


      Por causa de negligência política, econômica, cultural e moral, devido até à indiferença criminosa em relação às consequências da pauperização e do sofrimento, o mundo acabou se conformando com uma explosão populacional que praticamente duplicou a população mundial em meio século. Devido à indiferença criminosa e ganância, ele se conformou com a pauperização de enormes contingentes da população mundial, ou permitiu que ela acontecesse sistematicamente ou a empreendeu ativamente.



        O espírito do mundo ocidental possibilitou e consolidou o desenvolvimento que levou à ameaça global, produzindo tipos de individualidade e sociabilidade a ela correspondentes. 
Essa situação conduz a maioria da população mundial pobre e necessitada de diversas formas ao desespero ou a um sofrimento mudo, sufocante. Essa situação e o espírito que nela é aprisionado constituem, sem dúvida, uma realidade opressora e um enorme poder dentro deste mundo passageiro. 
Mas eles não são “a realidade” e o espírito que “tudo” rege, mesmo que gostem de se apresentar e se portar como tais. Eles devem ser reconhecidos e revelados, mas não precisam nem devem ser considerados como “a realidade”, como relação fatal sem alternativa.
Pelo Espírito Santo foi e é construída a igreja real e verdadeira, presente em todas as épocas e transcontinental, e, com isso, também o corpo de Cristo visível, aqui e agora concretamente presente (cf. At 9.31; 11.24 e outros). 
Essa igreja determinada pela força do Espírito pode parecer temporária e regionalmente inexpressiva, estranha ao mundo e simplista ou então oprimida e praticamente extinta (cf. 1Pe 4.14). Ela sempre terá necessidade de uma distinção de espíritos, i. e., ela sempre será corrompida por outros espíritos, forças e morais, por interesses e ideologias culturais, políticas, econômicas, nacionais e outras.  Entretanto, em meio a aparente modéstia e efetiva depravação, o Espírito de Deus unifica, de muitas épocas e regiões da Terra, as pessoas vocacionadas para a comunhão com Cristo, “judeus e gregos, escravos e livres” (1Co 12.13; Gl 3.28; Cl 3.11), homens e mulheres, idosos e jovens. Aqui é constituída uma comunhão poderosa. 


     Pelo Espírito é constituída uma comunhão com o crucificado e ressurreto, que não só enfrentou a experiência do medo no mundo, mas que engloba situações e condições do mundo e que por isso, também, com razão, pode ser designada como comunhão “celestial” em Cristo (cf. Ef 1.3).
        Mas essa poderosa comunhão, que não é fixada nem dependente de determinadas condições terrenas e situações mundiais, é, não obstante, realizada sob as condições do mundo finito e passageiro, e por meio de e para as criaturas carnais e mortais!  A essas pessoas determinadas pelo Espírito é revelado o mistério da doação, do livre autorretraimento em prol de um mundo que se fecha de forma sempre nova a si próprio diante da presença de Deus por meio de formas religiosas, legais, morais, mas também nacionalistas, sexistas e outras, para, em vez disso, fixar-se ou pelo menos tentar se fixar em sua própria concepção e conformação do mundo.
         As pessoas que entram na comunhão do Espírito Santo e são enchidas pelo Espírito de Cristo (cf. 1Co 2.16) não só percebem o mistério revelado da doação e do autorretraimento e a revigoração desencadeada por isso. Elas se tornam testemunhas desse “Espírito vivificante” (1Co 15.45); elas se tornam irmãos e irmãs de Cristo, membros de seu corpo, encontram-se em íntima comunhão com ele, propagam a manifestação de sua vontade por palavra e ação.  
     As pessoas que participam desse poder do livre autorretraimento e da doação em prol de outros, a fim de ajudar outros a chegarem igualmente ao conhecimento de sua perdição, de sua salvação e de sua vocação para serem testemunhas desse poder do crucificado, essas pessoas são invocadas como “chamadas para a santificação”. A elas é prometido: “[...] mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1Co 6.11). Ou: Deus vos escolheu “para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade” (2Ts 2.13).


     O Espírito Santo deve ser entendido inicialmente como a unidade multifacetada das perspectivas, das relações com Jesus Cristo e dos testemunhos vividos e falados a seu respeito. Ele é o âmbito de ressonância de Cristo. Ele é a pessoa pública, que corresponde ao indivíduo Jesus Cristo.  Mesmo assim, não podemos considerar a pessoa de Cristo e a pessoa do Espírito como unidade indissolúvel. Considerando o crucificado, fica claro que não existe nenhum acesso a Deus que pudéssemos estabelecer e promover a partir de nós próprios. 



Extraído do livro: O Espírito de Deus de Michael Welker, p 250 -260
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