quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O Espírito de Deus

O Espírito de Cristo e a comunhão dos santos 
num mundo que ameaça a si mesmo

     Em menos de meio século, a Terra perdeu quase um quinto de seu solo fértil e um quinto de suas florestas tropicais, bem como dezenas de milhares de espécies de animais e plantas!  Numa velocidade impressionante, recursos e fontes de energia não-renováveis são extraídos e consumidos, as provisões de peixes dos mares são saqueadas, com o risco de “devastação”.


      Por causa de negligência política, econômica, cultural e moral, devido até à indiferença criminosa em relação às consequências da pauperização e do sofrimento, o mundo acabou se conformando com uma explosão populacional que praticamente duplicou a população mundial em meio século. Devido à indiferença criminosa e ganância, ele se conformou com a pauperização de enormes contingentes da população mundial, ou permitiu que ela acontecesse sistematicamente ou a empreendeu ativamente.



        O espírito do mundo ocidental possibilitou e consolidou o desenvolvimento que levou à ameaça global, produzindo tipos de individualidade e sociabilidade a ela correspondentes. 
Essa situação conduz a maioria da população mundial pobre e necessitada de diversas formas ao desespero ou a um sofrimento mudo, sufocante. Essa situação e o espírito que nela é aprisionado constituem, sem dúvida, uma realidade opressora e um enorme poder dentro deste mundo passageiro. 
Mas eles não são “a realidade” e o espírito que “tudo” rege, mesmo que gostem de se apresentar e se portar como tais. Eles devem ser reconhecidos e revelados, mas não precisam nem devem ser considerados como “a realidade”, como relação fatal sem alternativa.
Pelo Espírito Santo foi e é construída a igreja real e verdadeira, presente em todas as épocas e transcontinental, e, com isso, também o corpo de Cristo visível, aqui e agora concretamente presente (cf. At 9.31; 11.24 e outros). 
Essa igreja determinada pela força do Espírito pode parecer temporária e regionalmente inexpressiva, estranha ao mundo e simplista ou então oprimida e praticamente extinta (cf. 1Pe 4.14). Ela sempre terá necessidade de uma distinção de espíritos, i. e., ela sempre será corrompida por outros espíritos, forças e morais, por interesses e ideologias culturais, políticas, econômicas, nacionais e outras.  Entretanto, em meio a aparente modéstia e efetiva depravação, o Espírito de Deus unifica, de muitas épocas e regiões da Terra, as pessoas vocacionadas para a comunhão com Cristo, “judeus e gregos, escravos e livres” (1Co 12.13; Gl 3.28; Cl 3.11), homens e mulheres, idosos e jovens. Aqui é constituída uma comunhão poderosa. 


     Pelo Espírito é constituída uma comunhão com o crucificado e ressurreto, que não só enfrentou a experiência do medo no mundo, mas que engloba situações e condições do mundo e que por isso, também, com razão, pode ser designada como comunhão “celestial” em Cristo (cf. Ef 1.3).
        Mas essa poderosa comunhão, que não é fixada nem dependente de determinadas condições terrenas e situações mundiais, é, não obstante, realizada sob as condições do mundo finito e passageiro, e por meio de e para as criaturas carnais e mortais!  A essas pessoas determinadas pelo Espírito é revelado o mistério da doação, do livre autorretraimento em prol de um mundo que se fecha de forma sempre nova a si próprio diante da presença de Deus por meio de formas religiosas, legais, morais, mas também nacionalistas, sexistas e outras, para, em vez disso, fixar-se ou pelo menos tentar se fixar em sua própria concepção e conformação do mundo.
         As pessoas que entram na comunhão do Espírito Santo e são enchidas pelo Espírito de Cristo (cf. 1Co 2.16) não só percebem o mistério revelado da doação e do autorretraimento e a revigoração desencadeada por isso. Elas se tornam testemunhas desse “Espírito vivificante” (1Co 15.45); elas se tornam irmãos e irmãs de Cristo, membros de seu corpo, encontram-se em íntima comunhão com ele, propagam a manifestação de sua vontade por palavra e ação.  
     As pessoas que participam desse poder do livre autorretraimento e da doação em prol de outros, a fim de ajudar outros a chegarem igualmente ao conhecimento de sua perdição, de sua salvação e de sua vocação para serem testemunhas desse poder do crucificado, essas pessoas são invocadas como “chamadas para a santificação”. A elas é prometido: “[...] mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1Co 6.11). Ou: Deus vos escolheu “para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade” (2Ts 2.13).


     O Espírito Santo deve ser entendido inicialmente como a unidade multifacetada das perspectivas, das relações com Jesus Cristo e dos testemunhos vividos e falados a seu respeito. Ele é o âmbito de ressonância de Cristo. Ele é a pessoa pública, que corresponde ao indivíduo Jesus Cristo.  Mesmo assim, não podemos considerar a pessoa de Cristo e a pessoa do Espírito como unidade indissolúvel. Considerando o crucificado, fica claro que não existe nenhum acesso a Deus que pudéssemos estabelecer e promover a partir de nós próprios. 



Extraído do livro: O Espírito de Deus de Michael Welker, p 250 -260
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