quarta-feira, 3 de abril de 2013

Retratos - exemplo de fé e vida

Um sábio 
conselheiro
  Muitas pessoas tornaram-se importantes porque receberam estímulos decisivos de parentes e amigos e tiveram a grandeza suficiente para aceitar conselhos de outros. Isso também aconteceu com o mais importante líder do povo de Israel: Moisés. Estímulos decisivos para cumprir sua missão de libertar o povo do Egito e liderá-lo no caminho à terra prometida Moisés recebeu de sua esposa e de seu sogro.
   O início da relação entre Moisés e Jetro deu-se com um gesto de hospitalidade por parte deste. Êxodo 2.15-22 relata que, ao fugir do Egito para escapar das mãos do faraó, Moisés chegou a um poço na terra dos midianitas, uma região desértica ao norte da Península Arábica. Esse poço fornecia água para os rebanhos de cabras e ovelhas. Quando sete mulheres que queriam dar de beber a seu rebanho foram hostilizadas por outros pastores, Moisés defendeu-as e ajudou-as a dar de beber aos animais.
    Essas mulheres eram filhas do sacerdote midianita Jetro (também chamado de Reuel, que significa “amigo de Deus”). Como sacerdote esse tinha autoridade e influência entre seu povo. Ao ouvir de suas filhas que um egípcio as ajudara, Jetro oferece ao estrangeiro a hospitalidade de sua casa, o que incluía proteção e a possibilidade de viver como um membro da família. A convivência na família resultou no casamento de Moisés com uma das filhas de Jetro: Zípora.
    Durante essa sua estada, Moisés também teve seu encontro com Deus e foi chamado para retornar ao Egito e libertar os israelitas da escravidão. Com a mesma abertura com que havia aceito Moisés como membro de sua família, Jetro também aceita agora os motivos alegados pelo genro para sair de casa. Em nenhum momento ele acusa Moisés de ingratidão por abandonar a família depois de ter sido tão bem recebido nela. Pelo contrário, ele entende a situação e despede-o com uma bênção: “Vai-te em paz!” (Êxodo 4.18). Além de saber acolher bem, Jetro também sabe quando é hora de deixar partir.
   O reencontro entre genro e sogro dá-se somente após o êxodo de Israel do Egito.    Quando o povo estava no deserto, a caminho da terra prometida, Jetro vai ao encontro de Moisés e propicia o encontro da família (Êxodo 18.1-12). Depois de contar as novidades e celebrar o reencontro da família, Moisés volta às tarefas cotidianas de liderar um povo: “No dia seguinte, assentou-se Moisés para julgar o povo; e o povo estava de pé diante de Moisés desde a manhã até o por do sol” (Êxodo 18.13). Esse versículo mostra que o povo liberto ainda tinha problemas que precisavam ser resolvidos.
   Viver em sociedade traz problemas e conflitos. Há muitos casos jurídicos. Nem tudo é perfeito no povo de Deus. Moisés tem que resolver todos os problemas. Por isso ele fica o dia inteiro julgando, à luz da vontade divina, os casos que lhe são trazidos. Jetro inicialmente observa em silêncio o que acontece. No final do dia, ele faz uma pergunta ao genro: “Que é isso que fazes ao povo?” (Êxodo 18.14). Moisés tenta justificar seu comportamento: “O povo vem a mim consultar a Deus” (Êxodo 18.15).
  Apesar de discordar do método de Moisés, Jetro não critica o genro; ele mostra sua preocupação com o bem-estar dele e de todo o povo: “Não é bom o que fazes. Sem dúvida, desfalecerás, tanto tu como esse povo que está contigo. Pois isso é pesado demais para ti” (Êxodo 18.17-18).
   O sábio sacerdote observa que a centralização da autoridade e da responsabilidade em torno de uma pessoa é nociva tanto para o líder como para os que a ele recorrem. Uma pessoa que toma para si a responsabilidade de sozinha tentar resolver todos os problemas de seu grupo corre o risco de cometer erros até pelo cansaço. A longa espera nas filas de atendimento também cansa o povo, que precisa ficar de pé o dia inteiro sob o sol causticante.
   Depois de observar, ouvir e analisar a prática administrativa de Moisés, Jetro dá uma sugestão simples e prática: escolher dentre o povo pessoas honestas e capazes, instruí-las e prepará-las adequadamente e então dar a essas pessoas a responsabilidade de julgar os casos corriqueiros da vida do povo. Somente os casos mais complexos seriam levados a Moisés.
  Jetro sugere o que chamamos de descentralização do poder por meio da divisão de trabalho e de responsabilidades. São eleitos e preparados tantos “juízes” quantos necessários para o povo, cada qual com uma esfera de responsabilidade própria. Dessa forma, as decisões seriam mais rápidas, e o povo não precisaria esperar tanto tempo para ser atendido.
   Essa divisão de responsabilidades não diminui a autoridade de ninguém; ela aposta na capacidade das pessoas. Com sua sugestão Jetro introduz um sistema de governo participativo, em que antes existia uma estrutura centralizada de poder. Nesse sistema democrático, todos saem ganhando: “Se isso fizeres, poderás suportá-lo […]; e todo esse povo tornará em paz ao seu lugar” (Êxodo 18.23). Moisés acatou a sugestão do sogro, e tudo funcionou bem.
   A história termina com uma última lição de Jetro. Depois de prestar sua assessoria, ele não quer nenhum cargo de destaque, mas deixa que seu genro e o povo de Israel continuem crescendo, a seu modo, no caminho para a liberdade. Jetro volta à sua vida rotineira: “Então, Moisés se despediu de seu sogro, e esse se foi para a sua terra” (Êxodo 18.27). Depois de dar sua contribuição para o crescimento do povo de Israel, Jetro sai sem alarde de cena, somente com a sensação do dever cumprido.





Texto extraído do Livro Retratos - exemplos de fé e vida, p.19 e 22
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