Amor – doce ilusão
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Amor é palavra gasta, abusada, ambígua. Uma enquete sobre
o significado, feita há anos entre universitários, confirmou a polivalência.
Identificou-se amor com sexo, amizade, paixão, simpatia. O que mais chamou
atenção, porém, foi que bom número dos interrogados viu no amor nada mais do
que uma ilusão. No seu entender, amor não existe. Pode-se esconder nessa
resposta a amargura de uma grande decepção. Amor – uma linda ideia um profundo
anseio humano, um belo sonho. Infelizmente, porém, a realidade seria outra.
Será verdade? Certo é que a procura por amor excede em muito a oferta. Amor é
“produto” em falta no mercado. Isto é trágico. Pois sem amor o ser humano acaba
rebaixado a monstro. O “déficit público” de amor deverá ser motivo de séria
preocupação da sociedade.
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Mas, enfim, o que é amor? Na busca de uma definição, a
língua grega oferece auxílio. Fala do amor com três termos distintos. O
primeiro é eros, que designa o amor passional. Ambiciona possuir a
pessoa ou o objeto amado. Arde e se inflama, literalmente se apaixona e se
aproxima do delírio. As palavras “erotismo” e “erótico” são usadas também no
português nesse sentido. A outra palavra é agape. Designa o amor que se
doa, que se esvazia, que quer tudo para o outro e nada para si. Enquanto o eros
tende a conquistar o que está acima, a agape se inclina ao que está em
baixo a fim de acolher e socorrer. Esse é o termo absolutamente preferido pelo
NT. Enfim, existe a palavra filia, conservada no português em compostos
como “filosofia”, “filantropia”, “filatelia” e outros. É expressão para o amor
amigo, para o gosto por alguma coisa e o tratamento correspondente que se lhe
dá. O recurso ao grego, pois, revela a complexidade do fenômeno do amor e a
extraordinária riqueza de seus aspectos. É bom tê-lo em mente.
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É evidente que agape é o termo mais apropriado
quando se trata do amor em perspectiva cristã. O Cristo que assume natureza
humana e sacrifica sua vida na cruz (Filipenses 2.5-11) é o protótipo da pessoa
que se entrega em favor de outros. Algo semelhante vale para o amor ao próximo.
Não se trata de apaixonar-se por ele, e, sim, de ajudá-lo em todas as
necessidades físicas, psíquicas e espirituais. Mesmo assim, recomenda-se não
exagerar a contraposição dos três tipos. A “agape cristã” possui também
elementos “eróticos”. Não deixa de querer “conquistar” seu semelhante e de
forma alguma vai lhe negar a amizade, assim como o próprio Cristo chamou seus
discípulos de amigos (João 15.14). Enfim, “filantropia” é atributo do próprio
Deus (Tito 3.4). Há que se distinguir diferentes “amores”, sim, mas não reduzir
o amor cristão a apenas um dos tipos.
A indiscutível predominância da agape no NT é
significativa não obstante. Mostra que amor não permite ser limitado a uma
questão de sentimentos. Em termos bíblicos amor é “benevolência”. É uma questão
da vontade, portanto. Somente por isso pode ser conteúdo de um imperativo. Se
amo o próximo ou não decide-se não por simpatia ou antipatia, e, sim, pelo que
quero para a sua pessoa. Amar é querer bem. Será ilusão apregoar amor assim?
Texto extraído do Livro Por que ser cristão? P.89
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