A escravidão do século 21
por Flávia Durante
![]() |
http://www.mamajuana.com.br |
"Mulheres e homens precisavam
ter a convicção de que não existe beleza perfeita. Toda beleza é
imperfeitamente bela. Jamais deveria haver um padrão, pois toda beleza é
exclusiva como um quadro de pintura, uma obra de arte." Augusto Cury
Depois da revolução sexual, da
busca por espaço no mercado de trabalho e da divisão entre vida pessoal e
carreira, a mulher contemporânea enfrenta uma nova batalha: a ditadura da
padronização da beleza.
Em tempos de carnaval, galerias
de fotos que mostram “gordurinhas”, celulite e rugas de famosas espalham-se
como uma praga. Geralmente mostram essas características como se fossem
aberrações. E a cobrança da mídia por um corpo perfeito, quase que de plástico,
acaba virando uma arma de destruição psicológica feminina.
Não são poucas as mulheres que
sofrem de algum tipo de distúrbio em relação ao próprio corpo. A cada ano
aumentam os nomes que vão fazendo parte de nosso vocabulário: bulimia, anorexia,
compulsão alimentar, drunkorexia, vigorexia, ortorexia. E mulheres vão se
submetendo a cirurgias plásticas cada vez mais jovens. Dados da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP)
provam que, do total de cirurgias plásticas estéticas realizadas no Brasil
entre 2007 e 2008, 13% foram feitas em adolescentes com idade entre 12 e 18
anos.
![]() |
http://discoverymulher.uol.com.br |
O psiquiatra Augusto Cury, autor
do livro “A Ditadura da Beleza e a Revolução das Mulheres”, cunhou essa busca
de Síndrome PBI, o Padrão de Beleza Inatingível. Ele aponta diversos culpados
por esse fenômeno: a indústria da moda e de cosméticos, as revistas e seus
anunciantes. “Essa ditadura assassina a autoestima, asfixia o prazer de viver,
produz uma guerra com o espelho e gera uma autorrejeição profunda. (...) uma pessoa
satisfeita, bem-humorada, feliz, tranquila não é consumista, consome de maneira
inteligente, não precisa viver a paranoia de trocar continuamente de celular,
de carro, de roupas, de sapatos”, diz o autor.
A padronização da beleza acabou
virando a forma de escravidão e submissão do século 21. A mais nova insanidade
na busca pelo corpo perfeito é a “barriga negativa”. Não basta ser magra, temos
também que ter o abdômen com a curvatura invertida. Uma tendência que, quando
apareceu no ano passado, foi considerada assustadora por muitos.
![]() |
http://mdemulher.abril.com.br |
Os homens brasileiros sentiram
isso na pele após a campanha de uma marca de lâminas de barbear que
categorizava como repulsivos e não atraentes os corpos masculinos com pelos no
peito. A propaganda foi considerada de mau gosto, a empresa recebeu milhares de
protestos e a campanha foi retirada do ar. Mas nós mulheres não podemos ficar
felizes porque os homens finalmente passaram pelo tratamento que recebemos da
mídia há anos. Como também disse Naomi Wolf: “Se eles caírem nessa armadilha e
ficarem presos, isso não será uma vitória para as mulheres. Na realidade,
ninguém sairá ganhando”.
Não vai tardar o dia em que
agiremos como o Dorian Gray de Oscar Wilde: venderemos nossa alma em troca de beleza e juventude eternas. Para
que tudo não caminhe para esse lado, precisamos rejeitar qualquer padrão
imposto e mostrar que cada um de nós tem a sua beleza. A imperfeição só nos faz
mais humanos e não seres de plástico.
Artigo extraído da Revista NOVOLHAR,edição n.50,março/ abril, p. 42
Enquanto muitos nasce com alguma deficiecia,outros nao estao sastifeitos com o corpo que DEUS os deu para vir ao mundo;E uma trite realidade.
ResponderExcluir