Nenhuma mulher está livre
por Sheila Rubia
Lindner
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http://www.elheraldo.hn |
Neste exato momento em que estou escrevendo este texto, são 17h34min.
Provavelmente, ao terminar a redação, terão passado muito mais do que dez
minutos.
Você deve estar se perguntado o que as horas e os minutos têm a ver
com a violência doméstica... Eu respondo:
– Tem tudo a ver!
Pois, a cada dez minutos, 25 mulheres são espancadas no Brasil. Faça
uma conta simples; em uma hora, 150 mulheres são machucadas violentamente. É um
número absurdo.
Se pensarmos em números mais abrangentes, relatório
organizado e publicado pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) recentemente afirma que até 53% das mulheres da América
Latina já sofreram algum tipo de violência, a maioria das vezes de seu cônjuge
ou familiar. Até 82% dos casos incluíam ferimentos físicos, como ossos
quebrados, abortos involuntários ou queimaduras. Mas o relatório aponta que
entre 28% e 64% dessas mulheres não buscaram ajuda nem falaram com ninguém
sobre o trauma, porque não sabiam a quem se dirigir.
Apesar de muitas mulheres ainda não saberem a quem recorrer em casos
assim, a realidade no Brasil vem mudando gradativamente. Somente no primeiro
semestre de 2012, o Disque-Denúncia do Governo Federal prestou cerca de 390 mil
atendimentos, quase 100 mil a mais do que no ano anterior.
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http://www.brazilianvoice.com |
Além do drama pessoal de cada agressão ou estupro, “a violência contra
as mulheres também tem consequências intergeracionais: quando as mulheres
experimentam violência, seus filhos também sofrem”, explicou a diretora da OPAS, Mirta Roses. As causas dos espancamentos são
variadas e muitas vezes fúteis, mas predominam o ciúme e a não aceitação do fim
do relacionamento. A violência doméstica também é responsável por uma em cada
cinco faltas ao trabalho, segundo dados do Banco Mundial.
Os atos de violência doméstica podem ser
classificados em abuso físico, quando a agressão pode ir até a morte; abuso
sexual, em que o ataque físico redunda muitas
vezes em violência sexual; pressão psicológica, que pode incluir ataques
verbais constantes, possessão excessiva, isolamento da mulher de amigos e
familiares; e privação de dinheiro, roupas, comida, além da destruição de sua
propriedade privada.
O Brasil foi o primeiro país do mundo a propor intervenções estatais,
e a primeira Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) foi criada em São Paulo em 1985. Atualmente, as
DDMs existem em todo o
país e constituem-se em delegacias especiais para crimes contra a mulher.
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Ao encontro disso vai a Lei Maria da Penha (Lei 11.340), que foi
criada em 2006 e que aumenta o rigor das punições às agressões contra a mulher.
Segundo a Wikipédia, “a lei alterou o Código
Penal Brasileiro e
possibilitou que agressores de mulheres no âmbito doméstico ou familiar sejam
presos em flagrante ou tenham sua prisão preventiva decretada; esses agressores também não poderão mais ser
punidos com penas
alternativas. A legislação também aumenta o tempo máximo de
detenção, previsto de um para três anos; a nova lei ainda prevê medidas que vão
desde a saída do agressor do domicílio e a proibição de sua aproximação da
mulher agredida”.
Outro serviço muito importante é o Ligue 180, criado em 2005 pela Secretaria de Políticas
para Mulheres e Parceiros, a Central de Atendimento à Mulher. O Ligue 180 é um
serviço de utilidade pública que presta informações e orientações sobre os
locais aos quais as mulheres podem recorrer caso sofram algum tipo de
violência. O atendimento funciona 24 horas, todos os dias da semana, inclusive
nos finais de semana e feriados.
É importante lembrar que a violência doméstica não
escolhe idade, raça ou estrato social. Nenhum tipo específico de mulher está
mais ou menos sujeita a ser vítima de violência em sua casa por parte de seu
parceiro, nem qualquer tipo de mulher está livre de não ser.
Denuncie, é grátis e sigiloso: Ligue 180, atendimento à mulher
Artigo extraído da Revista NOVOLHAR
edição n.50,março/ abril, p. 36 e 37
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Assinaturas:
http://www.editorasinodal.com.br/produto.php?id=367
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