quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Composição em Sol menor: variações sobre o envelhecer



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   O envelhecimento está se tornando um assunto amplamente discutido nos meios científicos, nas igrejas e nos órgãos governamentais e previdenciários. De um lado, há quem veja no aumento do número de pessoas idosas um dos mais sérios problemas a serem equacionados pelas gerações futuras. No âmbito familiar, o assunto pode se tornar bastante polêmico, especialmente quando envolve questões relacionadas com o cuidado da pessoa idosa. 
   Mas a velhice sempre foi e sempre será uma questão vista e experimentada de diferentes formas. Cerca de 2.500 anos atrás, um filósofo egípcio já dizia: “A velhice é o maior dos infortúnios que pode atingir o ser humano”.
   No tocante à subjetividade do idoso, respectivamente, à forma como a própria pessoa idosa vive e experimenta o processo de envelhecimento na própria pele, não existe consenso. De um lado, temos no Brasil um contingente cada vez maior de pessoas idosas que dispõem de uma aposentadoria e de recursos financeiros que lhes permite pagar um bom plano de saúde, praticar esportes, participar de eventos e viajar. Ainda assim, também dentre a classe média, encontramos idosos que chegam “à velhice sobrecarregados pelo peso da culpa e com uma sensação de fracasso” . A convicção de que administraram mal sua vida, que tomaram decisões equivocadas nos negócios, no casamento, na educação dos filhos ou na escolha da profissão pode tornar-se motivo de desgosto e de depressão. 
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   Há pessoas idosas que não tiveram muitas opções na vida e entendem que por isso não conseguiram realizar seus sonhos. Chegam a manifestar que gostariam imensamente de ter uma nova chance de poder recomeçar. Encontramos também pessoas idosas que, resignadas, se dão conta de que a vida está chegando ao fim e têm a triste sensação de não terem realmente vivido. Outras permanecem presas ao passado, melancólicas, deslocadas no tempo, sem família e sem guarida, encostadas em lares e ancionatos e cheias de saudade dos tempos passados.
   Sabemos que cada um de nós tem o seu ritmo e o seu jeito muito especial e próprio de envelhecer. Eis que "cada qual precisa encontrar por si o caminho para esta arte de envelhecer". 
   O fato de sermos idosos não precisa significar que estejamos abdicados da esperança. Nesse sentido, adquirem uma significação muito profunda estas palavras do apóstolo Paulo: "Ainda que o ser humano exterior desfaleça em nós, o ser humano interior se renova a cada dia" (2Co 4.16). 

Texto extraído do Livro Sombras da Alma  
Tramas e Tempos da Depressão, p.239 a 242

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