quarta-feira, 12 de setembro de 2012

REVISTA NOVOLHAR- SETEMBRO e OUTUBRO 2012

A família: uma aliada
por Paula de Oliveira
   
O MODELO DE FAMÍLIA MUDOU, Ε AS MULHERES NÃO TÊM MAIS TEMPO PARA ACOMPANHAR OS FILHOS. QUAL SERIA O PAPEL A SER DESEMPENHADO PELOS PAIS Ε RESPONSÁVEIS EM RELAÇÃO À ESCOLA?

   Ante as mudanças na sociedade, com tantas informações e avanços tecnológicos, é possível observar uma inversão de papéis e valores, em que a família ganha uma nova configuração. Percebe-se um novo modelo econômico, cultural e social, com o acesso ilimitado a informações, crianças e adolescentes sendo vistos como consumidores cada vez mais cedo e o surgimento de novas referências.
   A mulher conquista cada vez mais seu lugar no mercado de trabalho, os pais não têm mais tempo para acompanhar os filhos como antes, a criança também muda e, consequentemente, o aluno e a escola.
   “Os pais passam pouco tempo com os filhos. Essa nova configuração de família acaba por atribuir à escola o papel de educar", afirma a psicopedagoga Carla Silva Barbosa, 43, mãe de três filhos e ex-diretora do Colégio Objetivo. "Esse novo cenário, família-escola-aluno, precisa ser revisto. Cada vez mais se faz necessário estreitar essa relação entre os pais e a escola, pois a falta dela traz consequências diretas na educação e na qualidade de vida de nossas crianças.”
  Ε ο fato se comprova. Segundo pesquisa realizada na Faculdade de Educação (FE) da Universidade de São Paulo (USP) pela psicanalista Mariana de Campos Pereira Giorgion, a escola vê os pais como ausentes e distantes no aprendizado dos filhos. Por outro lado, os familiares também sentem dificuldade para aproximar-se do contexto escolar. A pesquisa, realizada com familiares e alunos de escolas públicas, conclui que o distanciamento dos pais do cenário escolar pode até refletir, por exemplo, no letramento das crianças, prejudicando o aprendizado. Por isso a necessidade de haver um profissional nas unidades de ensino que trabalhe as relações entre estudantes, escola e familiares.
   "A escola também está mudando. Já existem discussões sobre a permanência da criança em tempo integral nas escolas; é o reflexo do padrão familiar contemporâneo", afirma a psicopedagoga Carla Silva Barbosa, "mas não é esse o caminho para resolver a questão. Pois a família acaba esperando da escola e do Estado um tipo de educação que, na verdade, deveria ser dado em casa. Precisamos ajudar a discutir esse espaço da infância, adolescência, família, escola e sociedade".
   Ε como mudar o padrão atual da relação entre a família e a escola? São necessárias vontade e paciência, pois a ação precisa ser bilateral, conjunta e contínua. Por exemplo, os professores e gestores da educação podem realizar eventos que envolvam os pais na escola, que os tornem coautores do processo educativo, em que se sintam valorizados e responsáveis por sua parte no processo. "A família precisa empenhar-se, estar mais disponível e aberta a essa nova realidade e necessidade que se apresenta no mundo de hoje.Também é importante que os pais reforcem os valores e conhecimentos trabalhados na escola. Ε vice-versa", aconselha a psicopedagoga Carla Barbosa, que como mãe e educadora conhece bem esse cenário.
   Várias outras ações podem ser desenvolvidas em conjunto, e a escola pode inclusive solicitar a participação dos pais para ministrar oficinas na escola sobre artesanato, culinária, criando um cenário de integração.
   A consciência é praticamente unânime entre os profissionais de educação de que a participação da família na vida escolar dos filhos é uma grande aliada do bom desempenho acadêmico. A escola não deveria viver sem a família, e nem a família deveria viver sem a escola. Uma depende da outra na tentativa de alcançar o melhor futuro para o filho, o educando e, automaticamente, para toda a sociedade. "Temos que aprender novos caminhos para sensibilizar as famílias. É preciso estreitar essa relação, pois todos querem a mesma coisa", ensina Carla.



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