terça-feira, 3 de abril de 2012

O presente de Páscoa

engraxate-Ilustração-de-Patrice-Piard-do-Hai 


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  Eram nove horas da manhã de sábado. Sentado sobre sua caixa de engraxate, Beto esperava ansioso o primeiro cliente. Enquanto esperava, ficava observando os pés que desfilavam na calçada. De vez em quando, um ou outro par chamava sua atenção: – Este eu já engraxei – pensava ele
  Havia pés de todos os tipos e tamanhos: pés chatos, pés de chinelo, pés de moleque, como os dele, pés descalços, pés com sandálias, e sapatos finíssimos, enfim, um festival de pés.
  De repente, Beto viu um par de sapatos conhecidos vindo em sua direção. Era o Sr. Juca, um velhinho aposentado que, há muito tempo, só engraxava os sapatos com ele. Seu Juca sentou numa cadeira improvisada e o menino começou a trabalhar.
   – Então, Beto, como você vai comemorar a Páscoa?
  – Comemorar o quê? Não entendo muito dessas festas, seu Juca. O que sei é que todo mundo sai correndo atrás de presentes e chocolates em forma de ovo e coelhinhos. Como não tenho dinheiro, nem ligo para essas coisas.
  – Sabe, Beto, eu gostaria de dar presentes para meus filhos e netos, mas o dinheiro que recebo da aposentadoria é muito pouco.
   – Seu Juca, o senhor sabe por que as pessoas comemoram a Páscoa?
O velhinho aproveitou a pergunta para contar a história da morte e ressurreição de Jesus e de como a Páscoa era comemorada quando seu Juca tinha a idade de Beto.
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  – No meu tempo de menino, meus pais enchiam casquinhas de ovos com amendoim, depois os colocavam em uma cestinha, que era escondida no quintal. Na manhã do domingo de Páscoa, nós saíamos a procurar a cesta de Páscoa. Depois, íamos à igreja para ouvir a história da ressurreição de Jesus. No fim do culto, as pessoas se abraçavam e desejavam feliz Páscoa umas às outras.
   – Que interessante, seu Juca. Quando é o dia da Páscoa?
  – Amanhã é o Domingo de Páscoa. Conforme nos conta a Bíblia, é o dia em que Jesus ressuscitou.
  – Jesus também esquece e abandona quem não tem dinheiro para comprar presentes? – perguntou Beto, meio decepcionado.
  Seu Juca olhou com carinho para o menino, passou a mão nos seus cabelos e disse:
 O Sr. Juca ficou emocionado com o abraço do garoto. Quando o velhinho quis pagar o serviço, o menino falou contente:
  – Não precisa pagar, seu Juca. É meu presente de Páscoa para o senhor. 
  O Sr. Juca saiu sorrindo. Beto guardou a graxa e as escovas e pensou faceiro:
   – Um dia ainda vou engraxar os sapatos de Jesus.




Extraído do Livro Celebrar Páscoa em família e comunidade, 
P 24 e 25


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