quarta-feira, 14 de maio de 2014

Para nós há um só Deus

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 “Pastor! Deus é um só em todas as religiões.” Não raro é esse o argumento de quem abandona sua tradicional comunidade de fé para se filiar a outra. A “troca de religião”, pois, seria uma questão apenas formal, não afetando o credo. A gente mudaria o rótulo, não o conteúdo. 
   Continuamos crendo naquele Deus que é o mesmo para todas as pessoas. É assim que se fala. Então já não faz diferença se somos católico sou luteranos, cristãos ou budistas, espíritas ou adeptos de uma das numerosas igrejas pentecostais que se espalham pelo país. Em última análise, tudo daria no mesmo. É correto pensar assim?
   Ora, por um lado não há como discordar. Deus de fato é um só. A igreja cristã jamais admitiu o politeísmo, ou seja, a crença em muitos deuses. Ela defende o “monoteísmo”. Trata-se de um legado recebido do antigo povo de Israel, que foi enfático em rejeitar o culto a outras divindade são lado daquele Deus que o libertara da escravidão do Egito e que com ele firmou uma aliança. Diz o primeiro mandamento: “Eu sou o Senhor, teu Deus [...] Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.1s).
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   Tal formulação não deixa margem para dúvidas. Israel sempre abominou a idolatria. O mesmo se observa no Novo Testamento. À pergunta pelo principal mandamento Jesus responde citando Dt 6.4s. Ele diz: “O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Mc 12.29). Que Deus seja um só é o pressuposto indiscutível de todo o Novo Testamento e por isso também da igreja cristã. Para ela existe “um só Deus e Pai de todos” (Ef 4.5s). Juntamente com o judaísmo e o islamismo, o cristianismo é tido como uma das grandes religiões monoteístas do mundo.
   Mesmo assim há fortes diferenças. Ainda que Deus seja um só, as maneiras de adorá-lo variam. São outras as imagens de Deus aqui e lá. Monoteísmo nem sempre significa a mesma coisa. Que Deus seja amor (1Jo 4.16) não tem analogia na religião muçulmana. O Deus Alá, de quem Maomé se sabia profeta, quer ver respeitados outros mandamentos do que o Pai de Jesus Cristo. Ele é autoridade absoluta, cujas determinações não necessitam de justificação. Ele é soberano e exige “dedicação” integral dos fiéis. Aliás, seria esse o significado original de “islã”.
   Diferenças existem também com relação ao Deus do Antigo Testamento. Apesar de que Jesus se sabia comprometido com o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, ele fez uma releitura das sagradas tradições de Israel. Insistiu no amor que não exclui nem mesmo o inimigo (Mt5.43s). Deu mais valor à fé do que ao cumprimento formal da lei. Isso é novo e muda o discurso sobre Deus. Ficam excluídas desde já as imagens de um Deus vingativo, tirano, opressor. Deus é antes como aquele pai na parábola do filho pródigo que se compadece da criatura e sabe perdoar (Lc 15.11s). É uma concepção de modo algum compartilhada por outras religiões, nem mesmo por certos grupos cristãos.
   Ainda que se professe o monoteísmo, não existe nenhum consenso sobre como falar de Deus devidamente.

Texto extraído do livro Sabedoria da fé, num mundo confuso, P. 33
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