A
tradição judaico-cristã, mas também outras religiões e credos
desde sempre enfatizaram de modo especial o aspecto da comunidade.
Mesmo que a fé religiosa e o confronto com conteúdos religiosos
sejam algo bem pessoal, a vida religiosa, assim como a vida em geral,
sempre tem lugar no campo de tensão entre indivíduo e sociedade
circundante. Sendo um ser social, o ser humano depende da relação
com outros seres humanos desde o início de sua vida até sua morte e
precisa também do interlocutor humano junto dele para definir a si
mesmo e conferir forma à sua identidade bem individual. Essa é uma
dimensão fundamental da nossa existência que o filósofo da
religião Martin Buber (1958) circunscreveu com as seguintes
palavras: “Eu me torno eu em vista do tu; tornando-me eu, digo tu.
Toda vida real é encontro” (p. 15).
A
citação de Buber permite reconhecer que a sociedade circundante
desempenha um papel central na formação definitiva da
personalidade. No
contexto religioso, a comunidade de fé desempenha um papel
essencial, na medida em que, nela, o indivíduo pode fazer
experiências de um tipo especial e de grande intensidade que
transcendem as experiências feitas em outros grupos sociais.
A
comunidade religiosa cumpre outra função importante ao proporcionar
aos seus membros a vivência da solidariedade.
Exatamente na nossa época com sua atmosfera no âmbito profissional
marcada em alto grau pela rivalidade e com seu grande potencial
conflitivo tanto no contexto privado como no contexto da sociedade
como um todo é importante para o indivíduo ter um lugar no qual se
pode experimentar antes de tudo solidariedade e apoio mútuo. Tal
experiência não só tem efeitos positivos sobre o desenvolvimento
da fé, mas de modo geral se reveste de grande importância para o
bem-estar psíquico do indivíduo.
Texto extraído do Livro Quem cuida da alma, p. 57
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