quarta-feira, 30 de abril de 2014

Sabedorias da fé

Sinais visíveis de Deus?
  

Na empreitada interdisciplinar de encontrar vestígios de Deus, distinguem-se vários modelos. O mais conhecido é o que se chama “teísmo”. É quase um pressuposto dos antropomorfismos no discurso religioso. Deus é visto como pessoa, embora sem corpo, portanto como espírito, perfeito, eterno, como criador de todas as coisas. Tal concepção corre o risco de transformar Deus num ser análogo a outras coisas ou personagens. Dietrich Bonhoeffer, grande teólogo alemão do século passado, alertava que um Deus que existe não existe. Queria dizer que não se pode discutir a existência de Deus assim como se discute a existência de discos voadores, por exemplo. Deus é “transcendente”, ou seja, ele excede todo entendimento humano (Fp 4.7). Ele é pessoa e ao mesmo tempo realidade “transpessoal”. Deus é pai e mãe. E, todavia, é muito mais do que isso. Vale repetir que nenhuma imagem de Deus é “definitiva”, “exaustiva”, completa. O teísmo deve cuidar para não reduzir Deus ao tamanho da compreensão humana e transformá-lo num fenômeno deste mundo.
   Algo semelhante vale com relação ao “deísmo”. Esse sustenta que Deus, depois de criar o mundo, o entregou à sua sorte. Fez a pedra rolar para então não mais se interessar por ela. O universo se “desenrola”
por dinâmica própria. Isso conflita com a visão bíblica, de acordo com a qual Deus não deixa de interferir no curso da história pessoal e coletiva. Deus não é apático nem desinteressado no bem ou mal da criatura. Na teologia cristã, o deísmo está descartado. Concepção em muito diferente é a do “panteísmo”. Deus estaria em todas as coisas. 
   Entende-se que o universo está permeado pelo divino e praticamente se funde com ele. O panteísmo não mais distingue entre o criador e a criação. Deus definitivamente se instalou no mundo e se funde com ele. Ele se dilui. “Deus ou a natureza”, dizia-se. Já não faria diferença. Para a fé cristã, exatamente nisso reside o problema. Ela não pode consentir com a divinização geral de todas as coisas. Deus permanece superior e senhor do mundo que criou. Devido aos inconvenientes dessas concepções foi sugerido falar em “panenteísmo”. Tudo estaria incluído e guardado em Deus. É uma proposta digna de discussão. Não é dito que Deus está em tudo, mas que tudo está em Deus. O foco está no horizonte de todo o ser, na atmosfera na qual tudo respira, no fundamento em que tudo repousa. Tal concepção pode tranquilamente acolher elementos do teísmo sem transformar Deus num superser. Com os cuidados apontados acima, o discurso antropomorfo faz bom sentido. Deus é parceiro do ser humano com o qual se comunica e a quem reservou a nobre tarefa de ser seu cooperador (1Co 3.9).
   Convém lembrar aqui que o próprio ser humano é apregoado como imagem de Deus. Essa é uma afirmação central da história da criação. Homem e mulher receberam a honra de serem portadores dessa distinção (Gn 1.27). A passagem não permite conclusões quanto à aparência de Deus. Existe unanimidade na exegese com respeito a isso. Ser imagem não significa que o ser humano seja uma cópia de Deus com qualidades divinas inatas em si nem que se trata de uma indicação de qualidades humanas em Deus. Significa, isto sim, concessão de singular dignidade e um mandato. Deus chama o ser humano para viver em comunhão com ele e assumir corresponsabilidade no gerenciamento da criação. Por ser assim, a imagem de Deus também não será extinta pelo pecado. A pessoa pecadora continua sendo sua portadora (cf. Gn 9.6; Tg 3.9). Sem ela, perderia o que a distingue na criação e o que constitui sua nobreza. A pessoa se identifica pela imagem divina que nela foi gravada. Mas será que vale também o inverso,a saber, que o ser humano seja uma imagem para Deus?



Texto extraído do livro Sabedorias da fé num mundo confuso, P.57 e 58.
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quarta-feira, 23 de abril de 2014

Seminário sobre Lutero na Bahia

 As 95 teses pregadas por Martim Lutero na igreja de Wittenberg (Alemanha) em 31 de outubro de 1517 desencadearam a Reforma Protestante. Lutero publicou as teses principalmente como crítica à venda de indulgências por clérigos da Igreja Católica, seus excessos e suas limitações ao pensamento livre. Em 2017, a publicação das 95 teses completa exatamente 500 anos. A Igreja Luterana, hoje com cerca de 90 milhões de fiéis em todo o mundo, está organizando celebrações que têm como objetivo relembrar o papel de Lutero e a mudança que as suas teses provocaram na história mundial.
  Integra-se a essas comemorações a Comissão Interluterana de Literatura (CIL), formada pelas duas igrejas luteranas brasileiras: a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e a Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB). Os gerentes de vendas da Editora Sinodal (IECLB) e da Editora Concórdia (IELB) desenvolveram para a CIL um projeto que tem como meta a promoção e a ampliação das vendas das Obras Selecionadas de Martinho Lutero (OSL- http://www.editorasinodal.com.br/departamento/9117/16/martim-lutero) no mercado evangélico e a realização de uma série de seminários sobre Lutero pelo Brasil afora. Esse projeto se estende até 2017, somando-se às comemorações dos 500 anos da Reforma Luterana. A ideia central é abrir e preparar o mercado até a chegada das celebrações dos 500 anos. O calendário dos seminários prevê dois encontros por ano, um para cada semestre, divididos entre as editoras em comum acordo nos próximos anos.


  O próximo Seminário sobre Lutero será realizado nos dias 25 e 26 de abril 2014 em Salvador, Bahia, nas dependências da Igreja Batista Sião, situada a Rua Forte de São Pedro, 68, Centro, Salvador, BA, com apoio do Seminário Teológico Batista do Nordeste. O palestrante será Wilhelm Wachholz, escritor, professor e Doutor em Teologia e História da Igreja pela Faculdades EST. Entrada franca





Clique nos anexos para visualizar o convite e  programação





















Assista o vídeo dos 500 anos da Reforma Luterana





Senhor, tu me destes a tua palavra e me recebeste no número daqueles que pertencem a teu povo, que te conhecem, louvam e glorificam. Assim queiras dar-me a graça de poder permanecer em tua palavra. Faze com que ela seja tão clara e lúcida em meu coração, que muitos possam receber consolo e alegria por meio dela. (Martim Lutero) 









quarta-feira, 16 de abril de 2014

Páscoa

Páscoa não é a luta entre a escuridão e a luz, mas a luta entre a humanidade culpada e o amor divino.
http://marceloomensageiro.blogspot.com.br
Na Sexta-feira Santa parece que Deus está perdendo a luta, contudo, na derrota é que está a grande vitória – a Páscoa.

Cremos em Jesus Cristo, no Deus encarnado, crucificado e ressurreto. Na encarnação reconhecemos o amor de Deus a toda criatura; no crucificação, o juízo de Deus sobre toda a carne; na ressurreição, o desejo de Deus de criar um mundo novo.

Jesus Cristo é a extensão da nossa vida
Jesus Cristo é o centro da nossa comunidade
Jesus Cristo está conosco até o fim do mundo.
Graças à Páscoa.
Dietrich Bonhoeffer




Mensagem extraída do Livro presente Páscoa a vitoria da vida P.12
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sexta-feira, 11 de abril de 2014

Homenagem a Dietrich Bonhoeffer por sua morte

Por bons poderes fielmente cercado,
maravilhosamente protegido e consolado –
assim com você estes dias desejo passar
e com você também num novo ano entrar.

O antigo nosso coração ainda tortura
e o fardo de maus dias nos traz amargura.
Senhor, dá a nossas almas assustadas
a salvação para a qual foram criadas.

Se nos estendes o cálice pesado e amargo
do sofrimento, cheio até a borda,
nós o tomaremos gratos e sem tremor
das tuas mãos plenas de bondade e amor.


Mas se ainda quiseres dar-nos alegrias
com este mundo e o brilho dos seus dias,
então lembraremos do passado
e entregaremos nossa vida ao teu cuidado.

Faz com que chamejem as velas cálidas e claras,
que tu mesmo trouxeste para as nossas trevas.
Permite, se possível, que outra vez nos encontremos!
É tua luz que brilha na noite, bem o sabemos.

Quando se espalhar profundo o silêncio,
faz com que ouçamos aquele som imenso
do mundo que é invisível se estende ao nosso redor,
de todo o teu povo que a ti está rendendo louvor.

Por bons poderes maravilhosamente protegidos,
esperamos consolados o que nos será trazidos.
Deus está conosco de noite e de manhã,
e com toda a certeza a cada novo amanhã.




Quem foi Dietrich Bonhoeffer?
Bonhoeffer foi um teólogo alemão que viveu nos anos turbulentos na Segunda Guerra Mundial na Europa e que foi vitimado pelo regime nazista em 9 de abrir de 1945.








quarta-feira, 9 de abril de 2014

Quando nada mais resta

http://estudos.gospelmais.com.br/que-amor-e-esse.html
Enquanto avançamos aos tropeços, quilômetros a fio, vadeando pela neve ou resvalando no gelo, constantemente nos apoiamos um no outro, erguendo-nos e arrastando-nos mutuamente. Nenhum de nós pronuncia uma palavra mais, mas sabemos neste momento que cada um só pensa em sua mulher. Vez por outra olho para o céu onde vão empalidecendo as estrelas, ou para aquela região no horizonte em que assoma a alvorada por trás de um lúgubre grupo de nuvens. Mas agora meu espírito está tomado daquela figura à qual ele se agarra com uma fantasia incrivelmente viva, que eu jamais conhecera antes na vida normal. Converso com minha esposa. Ouço-a responder, vejo-a sorrindo, vejo seu olhar como que a exigir e a animar ao mesmo tempo; e – tanto faz se é real ou não a sua presença – seu olhar agora brilha com mais intensidade que o sol que está nascendo. Um pensamento me sacode. É a primeira vez na vida que experimento a verdade daquilo que tantos pensadores ressaltaram como a quintessência da sabedoria, por tantos poetas cantada: a verdade de que o amor é, de certa forma, o bem último e supremo que pode ser alcançado pela existência humana. Compreendo agora o sentido das coisas últimas e extremas que podem ser expressas em pensamento, poesia – e em fé humana: a redenção pelo amor e no amor! Passo a compreender que a pessoa, mesmo que nada mais lhe reste neste mundo, pode tornar-se bem-aventurada – ainda que somente por alguns momentos – entregando-se interiormente à imagem da pessoa amada. Na pior situação exterior que se possa imaginar, numa situação em que a pessoa não pode realizar-se através de alguma conquista, numa situação em que sua conquista pode consistir unicamente num sofrimento reto, num sofrimento de cabeça erguida, nesta situação a pessoa pode realizar-se na contemplação amorosa da imagem espiritual que ela porta dentro de si da pessoa amada. Pela primeira vez na vida entendo o que quer dizer: os anjos são bem-aventurados na perpétua contemplação, em amor, de uma glória infinita...


Texto extraído do Livro Em busca de sentido, P. 54
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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Somos batizados

http://pastoralbatismorj.blogspot.com.br
 Em nós, em todo caso na maioria de nós, aconteceu algo quando éramos pequenos. Fomos batizados. Um ministro da igreja deixou escorrer água sobre nossa testa e disse: “Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. A água e a palavra que acompanha para descrever o significado da água, isso é o Batismo.
   A água é o elemento do qual se origina a vida. Mas a água não é um elemento em que um ser humano consiga viver. Ela é um símbolo tanto da vida quanto da morte. Quem cair na água morrerá se ninguém o tirar dela. A água reproduz o que aguarda um ser humano que ingressa neste mundo: Ele passa a viver.
     A vida não será sem medo e sofrimento, e o ser humano pode sucumbir nela. De maneira alguma poderá escapar de se tornar culpado, e talvez toda a sua vida se arruíne por causa dessa culpa. Ele tem, em todos os casos, a morte diante de si, mas essa será definitiva se alguém, por assim dizer, não o tirar dela. 
   Antigamente isso ficava mais claro, quando ainda se mergulhavam as crianças totalmente na água, até o fundo das velhas pedras batismais profundamente escavadas. Essas pedras batismais representavam, como se fossem a metade inferior de uma esfera, a metade inferior do mundo, em que o sofrimento, a culpa e a morte tudo determinam. Mas, diz o Batismo, o ser humano é puxado para fora de seu sofrimento, de sua culpa e de sua morte – para uma outra vida.
   No passado, batizavam-se principalmente os adultos, e algumas igrejas o fazem ainda hoje. Isso tem sentido. Afinal, quem é batizado deveria compreender o que acontece com ele ou ela. E deveria ter querido o Batismo. Hoje batizamos principalmente crianças. Isso também tem sentido. Pois aquilo que o Batismo nos dá não depende de nosso esforço, da clareza de nossas ideias, de nossa consciência, de alguma forma de comprovação, nem mesmo de um tipo qualquer de fé. Isso é presenteado assim, aliás, como a vida nos é dada sem nossa participação. No que diz respeito à morte, também nossa passagem por essa experiência escura para a luz acontece, como o nascimento de uma criança, independentemente de nossa compreensão e como algo que simplesmente nos sobrevém a partir da vontade de Deus.



Texto extraído do livro Quem crê pode confiar, P. 49
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http://www.editorasinodal.com.br/produto/92806/quem-cre-pode-confiar