Disponibilidade e
missão
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É certo que um
cristão que se dedica ao trabalho, à família, à congregação,
aos amigos gozará de bom testemunho da comunidade. Mas isso não é
suficiente. Fazer o bem é uma ''obrigação'' do cristão. Não deve
esperar ser recompensado ou reconhecido por isso. Alguns dão
''testemunho'' de que abandonaram uma vida de imoralidades e
perversidades. Mas isso ainda não atende as exigências do evangelho
jesuânico. Seguir Jesus implica renunciar também a algumas coisas
boas, lícitas e até agradáveis.
A disponibilidade
dinâmica (humana mais a divina) faz com que o cristão se submeta a
Deus, fazendo aquilo que normalmente não faria. Às vezes, implica
andar a segunda milha ou doar a capa. É mais do que fazer o que se
pede. ''Eis-me aqui, Senhor'' assume fazer o que nos manda, mesmo
quando não queremos. É estar atento à necessidade do outro com
vistas e supri-la. E isso pode ser feito via programas da igreja
local, engajamento no chamado terceiro setor ou iniciativas pessoais.
O Espírito santo descortina novos caminhos. Vamos necessitar de
sensibilidade e discernimento.
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A atitude de estar
disponível é em si missionária. O sujeito está atento, preocupado,
sensibilizado com o outro, disposto a acolher e compartilhar.
Acredito que, se as casas de formação teológica e ministerial se
preocupassem mais em devolver essas qualidades, estariam contribuindo
melhor para a missão de Deus. A preocupação excessiva com os
livros e com o pensamento racionalista fragmenta o saber e reduz a
capacidade de tocar as pessoas, as culturas e a sociedade.
Jesus nunca escreveu
um livro. Seus ditos foram registrados textualmente quase quarenta
anos após sua morte. No entanto, sua disponibilidade assim como o
seu estilo de vida foram mais eloquentes e instrutivos do que as
maiores biblioteca do mundo. Jesus entregou-se, dispôs-se. Fez a
opção de amar e servir a humanidade e, por conta desse amor,
aceitou o caminho da cruz. Sua morte não foi escolha própria ou
mesmo a ''vontade'' de Deus, mas resultado da maldade dos seres
humanos. Mas, ainda assim, mostrou-se disponível. Não só quando
quando convinha, mas mesmo quando desejava não beber aquele cálice.
A disponibilidade do
cristão é uma forma de missão. É esta uma chave missionária para
o mundo contemporâneo: colocar-se ativamente ao dispor do Senhor da
seara no serviço ao próximo. O chamado já ocorreu; agora falta
nossa resposta positiva e decidida pela vontade de Deus. O menino
Samuel inspira maus uma lição. Ele ensina a colocar-se em
prontidão, ''ouvindo'' (3.10). Em linguagem cristã, ele se percebe
enviado por Deus em missão. Que nossa disponibilidade nos impulse
justamente a isto: participar da missão de Deus. Para isso fomos
chamados; para isso fomos salvos.
Texto extraído do Livro Eis-me aqui Senhor! , P. 61 e 62
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