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Duvido que um médico possa responder a essa questão em termos
genéricos. Isso porque o sentido da vida difere de pessoa para pessoa, de um
dia para outro, de uma hora para outra. O que importa, por conseguinte, não é o
sentido da vida de um modo geral, mas antes o sentido específico da vida de uma
pessoa em dado momento. Formular essa questão em termos gerais seria comparável
a perguntar a um campeão de xadrez: “Diga-me, mestre, qual o melhor lance do
mundo?” Simplesmente não existe algo como o melhor lance ou um bom lance à
parte de uma situação específica num jogo e da personalidade peculiar do
adversário. O mesmo é válido para a existência humana. Não se deveria procurar
um sentido abstrato da vida. Cada qual tem sua própria vocação ou missão
específica na vida; cada um precisa executar uma tarefa concreta, que está a
exigir realização. Nisso a pessoa não pode ser substituída, nem pode sua vida
ser repetida. Assim, a tarefa de cada um é tão singular como a sua oportunidade
específica de levá-la a cabo.
Uma
vez que cada situação na vida constitui um desafio para a pessoa e lhe
apresenta um problema para resolver pode-se, a rigor, inverter a questão pelo
sentido da vida. Em última análise, a pessoa não deveria perguntar qual o
sentido da sua vida, mas antes deve reconhecer que é ela que está sendo
indagada. Em suma, cada pessoa é questionada pela vida; e ela somente pode
responder à vida respondendo por sua própria vida; à vida ela somente
pode responder sendo responsável.
Texto extraído do Livro Em busca de sentido. P. 133
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