O
Selbst
é um conceito multifacetado, definido de modos diferentes pelas
diversas teorias que o utilizam. Na teoria psicanalítica, nós o
entendemos como o centro propriamente dito da personalidade, o lugar
das autorrepresentações, da identidade própria, um sistema que
regula a vivência do autovalor. Pressuposto para uma autoestima
estável é a experiência de ser aceito incondicionalmente pelo pai
e pela mãe ou por outras importantes pessoas de referência e de ser
valorizado por causa de si mesmo.
Nesse
sentido, exatamente a fé religiosa, a mensagem bíblica e os atos
sacramentais podem ter um efeito pronunciadamente estabilizador sobre
a vivência do autovalor. A asseveração do perdão e da graça, bem
como a incondicional aceitação divina podem contrabalançar muitas
decepções e traumatismos da autoestima sofridos dos referenciais
sociais e representar um antípoda construtivo. Não se pensa aqui –
em vista de uma realidade presente desolada – num consolo barato
com um “além melhor”, mas trata-se de uma experiência que se
experimenta e que cresce na fé e de uma certeza da aceitação
divina incondicional.
Deve-se levar em conta que a autoestima pode não só ser
estabilizada por conteúdos religiosos, mas também minorada e até
gravemente danificada. Isso vale para quando as aspirações do ideal
do ego são elevadas a um patamar extremamente alto ao se reportarem
a conteúdos religiosos e um superego no sentido mais estrito
francamente sadista, fazendo questão do cumprimento rigoroso de um
sistema de normas religioso severo, exerce uma pressão enorme sobre
a pessoa e a confronta permanentemente com sua incapacidade.
Fica
claro como é importante que a autoestima de cristãs e cristãos não
seja ferida, mas fortalecida por instâncias e grupos eclesiásticos,
até porque a mensagem bíblica oferece uma profusão de
possibilidades de confirmar as pessoas em sua maneira de ser e
assegurar-lhes a aceitação divina incondicional. Tais experiências
naturalmente podem e devem ser feitas na comunidade, quando se
vivencia também nela a atenção e aceitação incondicionais, isto
é, a comunhão no sentido autêntico. No caso dos membros de
comunidade que desenvolveram uma autoestima um tanto estável, os
pastores e outros representantes da igreja podem dar uma contribuição
essencial para a estabilização do respeito próprio e da
autoaceitação, usando positivamente as possibilidades inerentes à
mensagem bíblica, aos atos sacramentais e à vida comunitária e,
desse modo, favorecer a estabilização da personalidade.
Texto extraído do livro Quem cuida da alma, P. 61
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