No
aniversário de 88 anos da Editora Sinodal, comemorado no dia 15 de
maio, recebemos pelas redes sociais esta mensagem do senhor José
Neto. Angolano, aos dezoito anos e às vésperas de entrar no
Exército, ele recebeu uma Bíblia enviada pela Editora.
Amados da Editora
Sinodal, eu sou angolano, tenho agora 48 anos de idade, eu tenho
comigo uma Bíblia que a Editora Sinodal ofereceu quando eu tinha 18
anos, num período muito difícil em Angola, em muitos sentidos,
ainda tenho ela na minha biblioteca para lembrar a bênção que ela
foi para a minha vida. Por ser pequena e com fecho, foi a Bíblia que
eu usei durante o período em que fiquei no exército, 9 anos. Por
isso meus irmãos continuem firmes no vosso ministério. Mais uma vez
parabéns.”
Curiosos com sua
história, pedimos que nos contasse um pouco mais. E com essa
história de vida de além-mar, que tem uma relação muito bonita
com a Editora Sinodal e, principalmente, com a Palavra de Deus,
iniciamos nossa linha do tempo. Nos sentimos honrados em ter um
grande significado na vida de tantas pessoas. =D
Ao longo deste ano
vamos publicar histórias, relatos, curiosidades e informações
sobre a Editora Sinodal nesses 88 anos de trajetória. Esperamos sua
companhia nas leituras.
Confira agora a
história de José Neto.*
“Eu
nasci em 1966 na cidade de Luanda (Angola). Desde o meu nascimento a
Palavra, Deus, já estava presente no vocabulário de minha falecida
mãe, sendo ela cristã e frequentava a igreja Metodista Unida de
Icolo e Bengo aqui em Luanda. Mas
minha conversão para Cristo somente aconteceu aos 12 anos de idade,
lendo um livro comprado na livraria Baptista com o título “Quem é
Jesus”. Compreendi a minha condição de pecador e a necessidade de
salvação pela graça de Deus através de Jesus. Lembro-me que no
final do livro tinha um cupom para ser preenchido se eu aceitasse
Jesus como meu salvador e Senhor e assim o fiz.
Nesta
altura, Angola tinha se tornado independente a 3 anos, isto é, em
1975. O regime no poder decidiu seguir o socialismo/comunismo como
opção política e, desde a data da independência, teve início
também a guerra civil, visto que as outras duas formações
políticas, a FNLA e a UNITA, envolvidas na luta armada para a
independência em Angola, não concordaram a forma em que o processo
foi feito.
Foi
neste clima em que cresci, de uma guerra civil e com grandes
necessidades, desde alimentos e uma ideologia que era contra tudo
relacionado com Deus ou religioso de forma geral. Os cristãos eram
vistos como pessoas anormais, por acreditarem em Deus.
Aos
13 anos conheci a Igreja Evangélica dos irmãos do bairro do Café,
onde ofereciam cursos da Escola Bíblica de Emaús, e matriculei-me
nessa escola, e tinham também uma pequena livraria. Tanto a escola
como a livraria é coordenada por uma missionária americana casada
com um canadiano, a Sra. Elizabeth Shorten. Ficamos bons amigos e
passei a corrigir os cursos depois de fazer algumas séries.
A
maioria dos livros eram de editoras brasileiras. Num dos livros é
que consegui o endereço da Editora Sinodal. Escrevia para várias
editoras pedindo literatura e uma deles foi a Editora Sinodal. Recebi
uma resposta favorável e enviaram alguns livros.
Mas
aos 18 anos, quase na véspera de ser incorporado nas forças armadas
– porque na altura é obrigatório cumprir o serviço militar por 3
anos segundo a lei, mas na realidade tinha-se data para entrar e não
de saída – escrevi especificamente à Editora Sinodal, pedindo uma
Bíblia pequena e com fecho, em que pudesse passar despercebida,
porque se ouvia que as Bíblias não eram livros desejados no
exército.
Foi
grande a minha alegria ao receber como oferta a bíblia pedida. Na
altura, era um luxo muito grande ter uma Bíblia pequena e de fecho,
não me recordo ter visto das pessoas mais próximas algo semelhante.
Foi esta Bíblia que usei por 9 anos, desde 1984, data da minha
incorporação no exército. Foram anos muitos difíceis, para todos
de forma geral. Mas para nós que estávamos no exército a situação
era pior, porque tínhamos que estar preparados para morrer se
necessário fosse. Os Salmos eram os textos de maior consolo para mim
nesse período. Fui desmobilizado do exército em 1992, dentro dos
acordos de Bicesse, que infelizmente foi rompido e voltou-se a guerra
civil.
Estando
fora do exército, trabalhei para algumas ONGs e instituições
cristãs, como a MAF, Aliança Evangélica de Angola, a Rádio
Transmundial-Angola. No ano de 2013 me tornei um livreiro mais ativo,
adquirindo a livraria Evangélica Barquinho que era propriedade da
missão Suíça. Meu alvo é continuar ajudar outros a encontrarem a
salvação em Jesus Cristo e crescerem espiritualmente através de
boa literatura e apoiar no amadurecimento das instituições no
geral. Hoje desejo somente dizer que não nos cansemos em fazer o
bem, muitas vezes eles produziram frutos em abundância.
Estou
envolvido, com a Igreja Evangélica dos Irmãos do bairro Talatona em
Luanda, faço parte da liderança dessa comunidade de fé, mas estou
envolvido também a outras iniciativas evangélicas de forma geral em
Angola, algumas em África e a nível do globo.
José
Neto”
Bíblia recebida há 30 anos ainda é guardada por José Neto |
José Neto contou como a Editora Sinodal esteve presente em sua vida |
*O texto passou por algumas adaptações ortográficas, que não
alteram o sentido do texto.
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